quinta-feira, 28 de março de 2013

A estória do silêncio O silêncio caíu como uma note escura e o coração das crianças murchou durante esse inverno sem palavras. Porém, um dia uma jovem mulher quebrou o silêncio e disse: -Vou ter um bebé. A frieza de gelo começou a derreter e como se fosse Primavera, embora só o mês de Fevereiro acontecesse, ao nono dia, nasceu uma menina de nome Victória...

sábado, 18 de setembro de 2010

A Fada dos dentes


A primeira vez que Nina sentiu um dente a abanar ficou em pânico. Estava a passar férias em casa da Avó Carolina, na Beira. Lá o pão era delicioso, sobretudo quando chegava quentinho e se barrava de manteiga e mel.
Ela e os primos comiam e lambuzavam-se por mais.
E foi por causa do pão caseiro que o dente abanou e a deixou numa lástima. Quando a Avó viu a aflição da neta, disse-lhe: -“Não fiques preocupada Nina, um dia destes o dente acaba por cair, sem doer!”
-“E como é que eu fico sem o meu dente?” Replicou Nina, educadamente.
-“Ora, ficas sem ele durante algum tempo e depois volta a crescer.”
-“Volta a crescer?”
-“Volta. Demora pouquinho a crescer outro nesse lugar, mas fica mais forte, depois. Temos é que guardar o que cair, para dar à Fada dos dentes.”
-“À Fada dos dentes? Nunca ouvi falar. O que faz ela?
-“Nunca ouviste porque não calhou. Pelos jardins e bosques de todo o mundo, existem uns gnomos encarregados de levar os dentes dos meninos à Fada dos dentes. Em troca, ela envia-lhes um presente.”
-“Um dente por um presente? Oh Vó, e se nós déssemos aos gnomos qualquer coisa pelo trabalho deles?”
-“É bem pensado é.” Respondeu a Avó. Eles gostam de nozes, pinhões, avelãs e leite…”
- “Olha Avó, podemos dar-lhe uma noz já aberta, para não terem trabalho a parti-la e um copo dos de Matilde, cheiinho de leite.”
Nina olhou para a boneca que nunca largava e achou-a triste.
-“Não fiques triste Matilde Rosa, tens mais copinhos! E eu vou fazer-te um desenho, está bem?”
Não é que a boneca parece mesmo gostar dos desenhos de Nina?
A avó deu uma noz a Nina com a recomendação de a guardar para o dia em que o dente caísse, mas Nina tinha mais uma pergunta: -“Avó e como damos as prendas aos gnomos?”
-“À tardinha, quando o sol estiver quase a desaparecer, deixas as prendas junto ao canteiro das minhas rosas”, está bem minha Rosa?”

terça-feira, 24 de agosto de 2010

A raposinha branca


A história que o Pai de Nina contou quando ela se recusava a comer a sopa, contou-a Nina à boneca vezes sem conta...
Sabem como as bonecas estão sempre sem apetite, não é? Então Nina dizia: - Já viste a sorte que tu tens Matilde? Se a raposinha apanhasse esta sopinha, não precisava de apanhar sustos nem de desesperar por comida, todas as manhãs! Mas eu volto a contar-te:
Era uma vez uma raposinha branca que vivia na serra. Quando a raposinha ficou crescidinha, a mãe raposa mandou-a à caça. A raposinha nunca tinha trabalhado para arranjar sustento, por isso começou a pensar qual seria a melhor maneira de arranjar qualquer coisa para comer. Enquanto pensava, viu um rebanho que subia para os prados. Como era branquinha como as ovelhas, achou que podia fazer-se passar por um cordeirinho, enrolou-se como um novelo e deslizou como uma bola até ao meio delas. As ovelhas não deram por ela. Então a raposinha, sempre encolhida, fez-se passar por um cordeirinho e começou a mamar o leitinho da mãe ovelha. Esta estranhou, começou a balir, mas o pastor não a ouviu. O cordeirinho filho também chorou, mas a raposinha continuou muito mansinha, muito mansinha até que os cães deram por ela. Foi então que saltou para cima da ovelha, para eles não a morderem.
quando o pastor deu pela algazarra, correu a vero que se passava. Viu a raposa branquinha e ao mesmo tempo que lhe dava com o cajado, ia dizendo: "Ah, raposinha arteira farta de migas ainda anda à cavaleira!"
A raposinha fugiu a bom fugir, e nunca mais se meteu num rebanho. Ter-se salvo daquela já foi um bom ganho!
E a boneca, mais matreira que a menina e que a raposa, não comia a sopa!

domingo, 18 de julho de 2010

Era uma vez...


Era uma vez uma menina que não gostava de sopa.
A sopa é muito quente, sempre a escaldar, e queimava a língua e o céu da boca, pensava a menina. Então, fazia sempre uma birra.
Um dia, o Pai da menina, para a distrair, contou-lhe a estória da raposinha matreira, uma raposinha que, “farta de migas ainda anda à cavaleira”…
O Pai fazia umas caretas tão divertidas a imitar a raposinha, que a menina foi comendo a sopa, colher atrás de colher, até esvaziar o prato fundo.
A Mãe ensinou-lhe que a sopa tem muitos vegetais: agriões ou espinafres ou couve portuguesa, ‘-Você já viu que bonito soa “couve portuguesa”, Matilde’?
Nina interpretou o silêncio da boneca como um sim. Um sim muito entendido e, continuou: ‘- A sopa também leva cebola, às vezes, batata, às vezes feijão ou grão e, tudo isto ajuda as meninas e os meninos a serem saudáveis, percebe Matilde?’
O silêncio entendido da boneca… Já adivinham o resto? Foi interpretado como?
Isso, como ‘um sim muito entendido’!
‘-Agora, sempre que a menina está a almoçar ou a jantar, come a sopa toda sem refilar. Percebeu Matilde?’
Nina encontrara alguém a quem contar tudo o que aprendia.
Ah?! Também querem saber a estória da raposinha arteira?
Essa fica para a semana, prometo contá-la, in tei ra!

P.S. O quadro, desta vez, é de Picasso

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A boneca de Nina

Naquele dia de férias, Nina estava triste por se sentir tão só. Tão só como nunca pudera imaginar! O seu coraçãozinho doía de tanta amargura. Nina nunca pensara que se pudesse sentir tanta dor pela ausência de alguém.
Os pais explicaram-lhe que nunca mais poderiam ver a Tia Matilde Rosa.
A Tia Matilde Rosa estava muito velhinha e nunca mais poderia vir cheirar o perfume das rosas de que ambas tanto gostavam, porém, a Tia Avozinha, como muitas vezes Nina lhe chamava, tinha deixado para Nina um presente, antes de partir.
Os pais tinham ido buscar o presente de Nina e não iriam demorar.
Nina lembrava-se daquela poesia pequenina que tinha aprendido com a Tia:

"Oh minha pombinha branca,
onde queres que eu te leve?
Leva-me à serra da Estrela,
Enterra-me ao pé da neve."

As lágrimas desciam devagarinho dos olhos castanhos de Nina, quando os Pais chegaram com uma linda boneca.
Nina pegou nela, enxugou as lágrimas e disse: ' Chamas-te Rosa, Matilde Rosa, e vou contar-te tantas estórias!
Rosa, Matilde Rosa pareceu sorrir. Nina sentou a boneca numa cadeirinha e, virada para ela, começou: ' Era uma vez?...